quinta-feira, 12 de abril de 2012

Braga - Despacho do Miro; "O canhão de Moçambique"

O canhão de Moçambique
Farricoco,

Portugal deixou ficar várias peças de artilharia nas suas ex-colónias. Não raras vezes observamos fotografias de fortificações construídas por portugueses em África, na Ásia e até nas Américas; com os canhões por lá depositados e, não raras vezes, em estado de degradação.
Mas nem todos os canhões ficaram por terras ultramarinas. Um exemplo é esta poupa, um verdadeiro canhão retornado de Moçambique do qual os nativos não se importaram de se apartar.
Por muito que se esforcem os cirurgiões plásticos das clínicas que patrocinam esta poupa, por muitos toques e retoques que lhe façam, não conseguem tirar-lhe a ferrugem e fazer deste canhão uma bela escultura. Nada!
Não fosse o patrocínio destas clínicas de beleza, este canhão não teria meios financeiros para fazer tantas operações que não dão em nada.
É que se a virarmos do avesso, só sai cotão. A sorte dela são estas revistazecas que a fotografam, obrigando os seus designers a gastar horas e horas de volta do photoshop para tentar lapidar a obra que os cirurgiões não conseguiram lograr.
Enquanto o país conta os tostões definhando na miséria, poupas como esta vão levando a vidinha graças à ainda subsistente sociedade de aparências que esbanja dinheiro em luxos, festas e outras merdices fúteis. O que permite a este tipo de poupas comer uns rissóis e croquetes à pala de quem organiza os faustosos festins da alta sociedade.
E o povo, pá, queixa-se de não ter dinheiro para a sopa. Mas, sempre vai comprando estas revistazecas de caca com estes canhões nas capas. Para ver canhões coloniais, prefiro sinceramente a National Geographic.
Abraço,


Miro.

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