Sugestão de leitura para o feriado do
25 de Abril
Em Lisboa arrancou a feira do Livro.
Mas eu para os bracarenses deixo uma sugestão de leitura ficcional
para o feriado, baseada num caso verídico que se passou numa unidade
fabril da nossa cidade.
Bom feriado,
Miro
Quem pica o ponto, acrescenta um conto.
25 de Abril
Após vários pedidos (alguns
desesperados), o autor decidiu presentear os seus leitores com mais
uma história da fábrica. Desta feita, inspirada em factos
verídicos.
Então é assim...
Corria a tarde tranquila de mais um dia
de laboração na fábrica, ultimamente mais tranquila do que nunca
por conta da falta de encomendas. A nossa heroína Dores num largo
bocejo, quase a dar com a testa na máquina. A nossa heroína Eulália
coçando o "fandango", como forma de quebrar a monotonia.
De repente, gera-se um enorme bulício
nas restantes operárias da fábrica, que surpreende as nossas quase
anestesiadas heroínas.EULÁLIA: Foda-se, que banzé vem a ser este?
Será que esta merda está a pegar fogo?
MÁRIA DAS DORES: Ai minha Nossa
Senhora do Sameiro nos acuda! Há fogo? Onde, onde?
E: Deixa-me lá ir ver, caralho! Que
bicho terá mordido naquelas putas?
A nossa heroína Eulália ausenta-se
momentaneamente do seu posto de trabalho, a fim de se inteirar da
situação e poder resolver a ansiedade que vai tomando conta da
nossa heroína Dores.
Passado pouco tempo, regressa com
novidades frescas e sem um intento de disfarçar um sorriso de
escárnio.
E: Oh caralho que me foda... Isto só
visto que contado ninguém acredita.
M.D.: Mas afinal, que raio se passa
aqui? A fábrica pegou mesmo fogo?
E: Qual fogo, qual caralho. Diz que
está lá fora um corno de pistola em punho!
M.D.: Cruzes credo!
E: Descobriu que era encornado e espera
que a mulher saia para ajustar contas.
M.D.: Mas se é apenas um corno que
está lá fora, porque estão cá dentro tantas mulheres em pranto?
E: Oh filha da puta, estou a ver que
vou ter de te fazer um desenho...
A situação permaneceu tensa até
chegar o patrão a dar dois berros, ameaçando não pagar o salário
e até se confirmar que afinal não havia corno nenhum de pistola em
punho. Tudo não passara de um boato, um falso alarme.
E assim as operárias puderam abandonar
a fábrica tranquilamente no final da jornada laboral. Mas não
ganharam para o susto.
"O que tem isto a ver com o 25 de
Abril?", perguntará o leitor espantado. A resposta do autor é:
absolutamente nada.
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