sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Braga - Despacho do C. Miguel; " Piegas remando


1 comentário:

  1. Pergunto, ao tempo que passa,
    se há quem governe o País!...
    E o tempo mostra a desgraça,
    que o Governo desdiz!...

    Pergunto aos "boys" que levam
    a massa nas algibeiras
    e os "boys" ao roubo se entregam
    - levam tudo, sem maneiras!...

    Roubam sonhos, geram mágoas!...
    Ai pobre do meu País!
    Mergulhado em turvas águas,
    seu fim está por um triz!...

    Quem o pobre Povo esfola,
    pede meças a quem diz
    que um País, que pede esmola,
    continua a ser feliz!...

    Pergunto à fome, que grassa,
    por quem lhe roubou o pão.
    - Logo os golpes de trapaça
    dá como sendo a razão!...

    Vi florir grandes fortunas,
    com os montantes roubados,
    sem terem, como oportunas,
    punições para os culpados!...

    E o tempo não muda nada!
    Ninguém faz nada de novo!
    Vejo a pátria acabrunhada,
    com a cruz, que leva o Povo!

    Vejo a Pátria na voragem
    dos que andam a roubar,
    cobertos p'la sacanagem
    dos que dizem governar!..

    Vejo gente a partir,
    Em busca doutras paragens,
    que lhe possam garantira vida,
    com outras margens!...

    Há quem te queira enganada,
    ó Pátria do desalento
    e fale por ti, coitada!
    Entregue estás a um jumento!...

    E o tempo, em derrocada,
    num ruído cacofónico,
    vai aumentando a parada
    de delírio histriónico!...

    Ninguém faz nada de novo
    e o dinheiro que vai fugindo!...
    Nas mãos vazias do Povo,
    fica a miséria florindo!...

    E a noite torna-se densa,
    de fantasmas e desdita!...
    Peço notícias ao tempo
    e ele só nos mortifica!...

    Há sempre uma alcateia,
    que agudiza a desgraça!
    Há sempre alguém que semeia
    injustiça e muita trapaça!...

    Neste tempo de trapaça,
    com personagens tão vis,
    só mesmo com arruaça,
    p'ra lhes partir o nariz!...

    Mesmo na noite mais triste,
    em tempo de podridão,
    Coelho ainda resiste,
    com a lábia de aldrabão

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