terça-feira, 30 de outubro de 2012

Braga - Despacho do RX em30-10-2012

O critério, a moralidade e o regabofe (com foto).

Não há nada pior do que um falso moralista.

Não há nada pior do que alguém que apregoa a miséria aos outros, ao mesmo tempo que vive confortavelmente.

Vem isto a propósito de quê?

Numa entrevista publicada no Diário do Minho, em 29/10/2012, a figura de cartaz da Coligação Juntos por Braga, no meio de um chorrilho de banalidades generalistas, disse que o Estado tem de ser criterioso na atribuição dos apoios que dá.

Presumimos que Ricardo Rio se estivesse a referir aos subsídios de desemprego, de doença, paternidade/maternidade, reformas, entre outros.

Concluindo, Ricardo Rio está preocupado com os miseráveis, ou melhor, com o tal "regabofe" apregoado pelo seu comparsa coligacionista Soares (o tal que aufere à volta de 5000 € por mês, juntamente com ajudas de custa, na A.R.).

Para RR, os principais inimigos do país, a fonte de todos os males, são os beneficiários de apoios sociais, é isto que se pode presumir.

É sobre esses que o Estado se deve focar, como se fossem criminosos ou gandulos merecedores de desconfiança.

Ao longo de toda a entrevista, e em todos os discursos destes senhores, não há uma única referência à corrupção que definha o país.

O reformados, os desempregados, os deserdados da sorte são o alvo a abater e devem estar na mira de um Estado criterioso.

Mas depois...depois lembramo-nos de uns comentários que apareceram por aqui em tempos.

Caro dr. Ricardo Rio, explique-nos com clareza onde se enquadra este discurso criterioso nos 35 mil euros que vossa excelência ganhou através da Capital Euopeia da Cultura, em apenas 6 meses.

Bem feitas as contas, foram quase 6000 euros por cada mês.

Aprofundando bem a situação, constatamos que esses 35000 € contribuíram para o regabofe (palavras do Passos Coelho) da dívida pública, porque, pensamos nós, o dinheirinho que entra na Capital da Cultura advém essencialmente do Estado.

No momento de dar o seu NIB pelos serviços prestados, não lhe passou pela cabeça que responsáveis da Capital Europeia da Cultura deveriam ser mais criteriosos e comedidos?

E já agora, o critério no uso dos fundos públicos também se aplica aos casos em que se negoceiam mamarrachos por 4 milhões, quando as avaliações das finanças apontam para menos de um milhão?

Alguns podem dizer que foi o preço justo por um bom trabalho. Nada a opor!

Mas quando esse alguém mete comida e bebida do melhor na mesa, à custa do dinheiro de todos nós.

Quando esse alguém paga a educação dos seus e se veste com o belo e o bonito, à custa de todos nós.

Deve ou não ter uma palavra a dizer sobre o critério daquilo que lhe é pago?

35000 euros é o preço justo?

Talvez.

Mas numa época em que este senhor defende um governo que corta nos apoios sociais.

Numa época em que este senhor defende um governo que taxa os desempregados e apregoa a descida do salário mínimo.

Numa altura em que este senhor defende um governo que corta nos cheques dentista, nas bolsas de estudo, nos escalões sociais...

Será moralmente aceitável que alguém tenha ganho 35000 euros em serviços prestados a uma entidade que vive de fundos públicos?

Será moralmente aceitável que se venha agora apregoar que as fundações e os institutos públicos andaram a "comer à grande", quando eles próprios participaram no manjar, embora de forma legítima?

De facto, a linha que separa a moral da imoralidade é muito ténue.

Para os que não se lembram, aqui fica o "recuerdo":

http://www.gmrtv.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=4807:contratacao-de-ricardo-rio-para-a-cec-2012-gera-nova-polemica&catid=63:cec-2012&Itemid=82


Rx, com toda a Confiança!
 

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