quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Braga - Despacho do C. Miguel de 28-11-12

Chegou a altura de escolher entre mais impostos ou mais deste "Estado social" - Público 2 NOV 2012

Chegou a altura de escolher entre mais impostos ou mais deste

" Estado social "

Por José Manuel Fernandes
O debate devia ter começado há ano e meio, mas é melhor tarde do que nunca. E chegamos a ele por causa do cansaço com tantos impostos

O jornalista, proclamou solene o douto professor universitário, é "um funcionário da Humanidade". A frase é bonita, soa bem e a Fátima Campos Ferreira não deixou de acenar com a cabeça. Infelizmente, a frase não quer dizer nada. Nem responde ao que devia estar a ser discutido naquele Prós e Contras: se o jornalismo é importante, como é que o pagamos? É que eu, por exemplo, não me estou a ver a ir pedir o meu cheque às Nações Unidas.

O nosso espaço público está cheio de frases como aquela: grandiloquentes, capazes de arrancarem aplausos às plateias, mas mistificadoras, quando não abertamente idiotas. Lembram-se, por exemplo, de quando se andou para aí a glosar a ideia de que "o lugar onde se nasce nunca devia morrer" a propósito da Alfredo da Costa? Também era uma frase bonita, que dava títulos lindos, mas tão disparatada como capaz de bloquear qualquer debate racional.

Mais recentemente, o país comoveu-se com um enfermeiro que pediu ao Presidente que não criasse um "imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade" e sucederam-se programas indignados sobre essa indignidade que seria ter de emigrar. Em momento algum, talvez em nome das tais lágrimas e da tal saudade, vi alguém interrogar-se sobre o facto de o número de enfermeiros em Portugal ter duplicado entre 1999 e 2010 (ver Pordata) e de, ao mesmo tempo, se terem multiplicado os cursos superiores de Enfermagem (muitos criados para satisfazer clientelas locais) que lançam para o mercado de trabalho milhares de profissionais que o sistema de saúde já não consegue absorver. Nada disso. O que dominou foi outra frase grandiloquente: "Estamos a perder a geração mais qualificada de sempre". É possível, mas de novo ninguém se interroga sobre se essa geração terá as qualificações certas ou se, em muitos casos, não se fica pelas qualificações que foram mais convenientes às carreiras dos senhores professores universitários.

Confesso que eu, "funcionário da Humanidade", tenho cada vez menos paciência para a esquizofrenia destes discursos que saltitam de emoção em emoção sem nunca colocar os pés na terra. É que isso tem um custo muito pesado quando chega a altura de perceber que caminho seguir.

Ferro Rodrigues, na intervenção que fez no encerramento do debate parlamentar sobre o Orçamento, acusou o Governo de "tentar pôr a classe média contra o Estado social". Há uma certa verdade nesta afirmação, mas não aquela a que o antigo líder do PS queria chegar. O que está a colocar a classe média contra o Estado social são os impostos que vão ser pagos em 2013. Essa é que é a grande novidade da actual realidade orçamental e política: pela primeira vez em muitos, muitos anos, começa a ficar evidente que, para mantermos o actual Estado social, temos de pagar impostos e mais impostos e mais impostos. Talvez tenha sido essa a perversidade (ou a inteligência) do ministro das Finanças: tornar evidentes, nos bolsos da classe média, os custos do Estado que temos.

Num país menos esquizofrénico e com menos tendência para se deixar embalar em frases sonoras, a famosa discussão sobre as funções do Estado - com ou sem "refundação" pelo caminho - há muito que se teria iniciado. E ter-se-ia iniciado exactamente pelo Estado social, não fosse o tema ser tabu.

Esta discussão devia ter sido lançada pelo Governo há ano e meio, mas se calhar só vai ser possível porque esbarrámos no muro dos impostos. Já em 2004, o infelizmente desaparecido Ernâni Lopes, ministro das Finanças no momento de aperto de 1983/85, disse que "o modelo social europeu ou muda ou desaparece". Foi numa entrevista a este jornal e não podia ter sido mais claro: "Não podemos esquecer que toda a lógica do modelo social europeu saiu de um período excepcional da História, que vai de 1947 a 1973, durante o qual o PIB das economias desenvolvidas cresceu cinco por cento ao ano, consistentemente. Isso hoje esqueça..."

Exacto então, ainda mais exacto hoje. Mas, até hoje, assumindo a posição confortável de "enquanto o pau vai e vem, folgam as costas", a opinião pública e a maioria dos que fazem opinião não quis saber. Ainda hoje há quem se recuse a aceitar que acabaram de vez os anos gloriosos do crescimento económico exponencial. Há mesmo quem, como um dos responsáveis pelo buraco em que estamos enfiados - o antigo secretário de Estado adjunto do Orçamento nos governos de Sócrates, Emanuel Santos -, escreva livros a defender esse tal quimérico crescimento. Um quarto da nossa dívida pública, mais de 50 mil milhões de euros, foi desbaratado entre 2008 e 2010 pelos governos em que ele participou precisamente a tentar estimular o tal crescimento, mas a única coisa que cresceu foram as dívidas, os juros e, vê-se agora, a teimosia de quem não quer mudar nada.

Durante anos, os portugueses ficavam furiosos de cada vez que fechava o mais pequeno e desajustado serviço de saúde, a escola mais isolada e inapropriada ou a esquadra de polícia mais podre. Os portugueses - sobretudo os portugueses da classe média - estão agora furiosos com o Governo por causa dos impostos. Ainda é um sentimento confuso, mas é uma mudança de estado de espírito que até Ferro Rodrigues foi capaz de perceber. E quando se está furioso com os impostos fica-se muito mais intolerante para com os gastos do Estado, mesmo quando estes são no Estado social.

É por isso que o PS hesita na retórica que há-de utilizar, uns dias mais inclinado para a esquerda ululante que diz não a tudo, outros dias tentado a não quebrar todas as pontes com o centro-direita e a troika. Mesmo assim, não acredito que o PS possa ficar de fora de um novo consenso derivado desta dura realidade de que "não há dinheiro", ou pelo menos não há dinheiro para tudo. Mas não estou optimista quanto ao rumo da discussão.

Contudo, é bom ter consciência de como é estreito o nosso caminho e como pode ocorrer um desastre ainda bem pior do que o Orçamento de 2013. Ouvi, por exemplo, a esquerda ululante repetir, dentro e fora da Assembleia, que não devemos pagar os juros da dívida (a taxa média dos nossos juros está nos 3,5%, mas há quem considere isso usurário e especulativo) e que, desde que os impostos paguem os salários e as pensões, podemos dispensar o "financiamento à economia, que não é mais do que financiamento aos bancos". Pior: senti que essas teses tinham acolhimento junto do jornalismo de microfone estendido e neurónios bloqueados, assim como de sectores do PS. E pasmei.

As pessoas talvez não saibam, mas na Grécia o Estado social não se está a desmoronar porque o Orçamento transferiu menos fundos para a saúde, por exemplo - os cuidados de saúde estão a cair a pique porque ninguém empresta dinheiro aos gregos, estes já nem remédios conseguem comprar às farmacêuticas e vão fazer fila de madrugada para as farmácias para comprarem alguma das raras embalagens que lá vão chegando. Se Portugal seguisse os cantos de sereia dos que se indignam contra o "financiamento da economia" chegaria muito depressa ao mesmo desastre: ainda se extorquiriam impostos para pagar os salários de médicos e enfermeiros, mas não haveria medicamentos ou intervenções cirúrgicas. O Estado social não se reformaria, entraria em colapso. E nem sequer os mais impostos que viriam a seguir nos salvariam.

Talvez fosse desejável ter esse debate noutras condições políticas e com um Governo com mais autoridade, mas é o que temos. Tal como temos um PS balcanizado e a esquerda arcaica de sempre. Nós somos nós e a nossa circunstância, e a actual circunstância empurra-nos, ao menos, para o debate há muito adiado. Ainda bem, acrescenta este "funcionário da Humanidade".

9 comentários:

  1. Os coirões comunas dos estivadores no tempo do filha da puta do Sócrates andavam calados que nem ratazanas. Agora é vê-los: Mostram a dentuça podre e coirona sob a batuta do PCP soviético. Grandes coirões! São tão piores que os filhos da puta dos corruptos do PSD e do PS.

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  2. Hoje é dia de mais opinião ordinária e habitual. Ordinária, porque finge que nasceu ontem. Habitual, porque é palavra de donos disto, arrogados donos morais e institucionais disto-Portugal. Só os que se concebam donos do Regime, como Soares, se alarmam sobremaneira com o confisco que lhes sucedeu impensável também a eles: cansativamente, pronunciam-se sobre a Europa, sobre o País, mas o País suporta mal quer o Fisco Brutal quer o trajecto sanguessuga desses pais e herdeiros imorais do Regime. Ordinária, porque não disfarça os seus intentos pessoalíssimos, a busca na secretaria «Demetir, demetir e demetir!» da desesperada reversão dos prejuízos causados pelo recuo governamental dos apoios à Fundação. Habitual, porque o rei intocável, jarra melindrosa do Regime, não se enxerga: olho para o crepuscular Mário Soares e penso no Dâmaso Salcede que Eça pintou: a mesma figura, a mesma ridícula obsessão por si mesmo inexistente e pelos modelos estrangeiros, mas que nem em França hoje encontram guarida e defensor. Quem haveria de ousar beliscar essa Estátua Ambulante à Glutonaria e ao Privilégio de Estado?! Sobre a situação portuguesa, a Vetusta Múmia Soares descobre que não vai mal. Vai péssima. «Piora, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano.» Porquê? Porque o actual Governo está no poder. A Múmia apela a que observemos as estatísticas. Sim, nada melhor que estatísticas para comprovar a aguda capacidade de observação de uma Múmia. Nada como imputar inteiramente ao Governo a situação. Mas há mais. Este Sacerdote Vestal Mumificado sugere que o Governo vai dividido [dividido, não, «devedido»]. Ora, não importa se é verdade. Importa o facto de ser a Múmia a dizê-lo. Ser ela a pronunciar-se sibilina só pode representar estar o interesse geral do lado oposto, para não falar da derrota do argumentário devido à nula idoneidade do argumentador. Sim, porque já toda a gente sabe que o Governo vai impopularíssimo e que cometeu erros e que tem aselhas e que obedece à Merkel, e que é um porta-estandarte do EuroGrupo e da defesa do Euro-Moeda, e obedece ao FMI, ao BCE, e ao diabo que o carrega. Mas há mais Portugal para além do Governo, um Portugal que Soares, o seu Legendário Umbigo, a sua inenarrável Omertà Favoritista, não conhecem. Há, pelo menos, uma longa caminhada sugadora nas costas do sugador, dono de um sugadouro, uma história de ganância cujo nome por acaso é Soares. Uma Múmia que pactua com e abraça um Ladrão, hoje feliz e intocável em Paris, não tem moral para escrever acerca de demissões nem para arrogar-se em consciência da Nação. Não deveria debitar. Por pudor. Se há uma reserva moral da Nação, está em silêncio, está em agudo sofrimento moral, estomacal, físico, espiritual. Quem fala e opina pelos megafones dos media com imoderação pornográfica é a Reserva Imoral da Nação, a parte mais rapace e bem sucedida em saciar-se e cevar-se dela, de todos nós, ao longo das últimas décadas. Mas há mais. O Imponderável Soares, que sempre foi uma piscina de veneno, diz que Paulo Portas deseja abandonar este Governo. Até pode ser verdade, mas vindo do Imponderável Mário soa a dejecto gratuito, àquele tipo de boca só para meter nojo. Diz a Majestática Paralisia que «o PSD, se não me engano, são hoje dois Partidos: o que aprova a política do Governo (muito minoritário) e o que a desaprova totalmente, embora por razões diferentes (maioritário).» (1/3)

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  3. Até pode ser verdade, será até mesmo verdade, ok, pronto, é verdade, mas vindo da Suma Paralisia Egolátrica soa a diarreia e a mal intencionado postulado zarolho, até porque há também dois PS: o PS do Memorando, assinado, repito, assinado; e o PS dos Galamba, dos Rapazolas Pedro Marques e Basílio, disposto a rebentar com isto, desde que lhe caia no colo o Poder e todos os dividendos políticos que deveriam estar a zeros, se houvesse uma réstia de dignidade, memória e brio neste eleitorado encornado. O que faz Sua Alteza Dom Soneca Soares, na sua majestosa impostura monumental?! Chantageia! «Demetir». Chantageia com a face dolorosa dos factos. Chantageia com a face negra da Hora, mas com todos os ovos da insídia colocados no grande cesto dos seus intuitos e objectivos pessoalíssimos. Mas há mais. O Inaudito e Indescritível Soares cita o caso do ministro mais livre, mais sábio, mais bravo e independente deste Governo, Álvaro Santos Pereira. Toda a gente sabe que as vaias não são critério de justiça nem de avaliação digna de confiança. Álvaro, que não precisa da Política para nada, ao contrário de Soares, que alicerçou no Estado todo o seu poder pardo, Padrinho de milhares de afilhados, alerta com coragem para os perigos do excesso de austeridade, mas não o faz no patamar populista e demagógico de Sua Alteza ou do célebre parvalhão que timona o PS. Fá-lo leal e construtivamente. E que conclui o Papa-Lagostas do Socialismo Aristocrático? Isto: «Quer dizer, boa parte do Governo Passos Coelho não se entende entre si.» Mas já não se vive na divergência criativa, mesmo e sobretudo num Governo?! E o que pensa a Troyka do que pensa o Álvaro ou do que desejam os portugueses garroteados pela austeridade?! A velhice, caro Relíquia Soares, que poderia ser para si um espaço de pacificação e luminoso equilíbrio, não passa de um tinir avarento e erróneo. A velhice é fodida! Mas há mais. Sua Altíssima e Perspicacíssima Sondante Pessoa, Soares, afere o que «a esmagadora maioria dos portugueses pensa» do Governo Passos Coelho e de ele próprio, Pedro Passos Coelho. (2/3)

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  4. E note-se como é sujo e traiçoeiro a Vetusta Entidade em Forma de Sonda: porque, diante do pensamento geral sondado como devastador sobre o incumbente Passos [que de facto mentiu, que falhou, que crudeliza o que é cruel e não suaviza o que não é suave], «seguramente que há muito teria tido a honradez de se demitir» [demitir, não, «demetir»]. O País não aguenta esta merda nem merdas como este Oráculo Caga-Tacos: todos os freitas, todos os soares e todos os outros que desfilam iguais, opinam o mesmo, acordados de repente no meio do grande incêndio que na verdade acalentaram, soprando, peidando o seu metano odioso, apoiando incendiários ainda piores, mentirosos, intrujões, criminosos, que não escapariam ao crivo do sistema penal mais pilantra de uma República Pelintra Africana qualquer. Agora é tarde. Para os devidos efeitos, o Orçamento para 2013 vai consumar-se aprovado, inaugurando uma safra inaudita de devastação honrosa. Pagar-se-ão muitas dívidas. Sanear-se-ão muitas Empresas Públicas com défices acumulados. A Vetusta Calamidade Facciosa Soares termina o seu lençol no Diário de Notícias, recordando que o medo grassa por aí. Sintomático. Sob o signo do medo e da desorientação, do sem saber o que fazer ou para onde podemos ir, temos Sua Excelentíssima Excrementícia Paz d’Alma a agoirar, introduzindo o seu grãozinho de cocó de Esquerda Radicalóide [repleta de futuro tumular] na pesada cruz geral. Uma vez mais, por amor de si mesmo e dos seus interesses, olha implorativo para o Presidente da República e para o Tribunal Constitucional, na esperança de que daí lhe venha o alívio [«demetir, demetir e demetir»] que não encontra na bojudíssima e antiquíssima conta-cacho bancária. E termina, ominoso, vácuo, parlapatão, recordando que o «Governo está cada vez mais impopular (se é possível) [...] se teimar em continuar como tem estado, vai acabar muito mal. O desespero leva à violência, como a história nos ensina.» Conviria lembrar aqui o Dr. Ominoso Soares que todos queremos que o Governo se foda, termine mal ou termine bem, desde que alguma coisa se aproveite do País e para o País, que não começou só agora a ser comido por lorpa. Pergunte-se, aliás, o Excelso Soares o que nos fez a sua prole, o que preparou para nós essa prole-bando, o mais rasca e mais reles de políticos ditos socialistas.(3/3)

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  5. HÁ DÚZIA É MAIS BARATO

    12h45 - Arménio Carlos Termina o discurso pedindo eleições. E anuncia a a realização da maior petição de sempre a favor do estado social, assim como duas manifestações para os dias 8 e 15 de Dezembro.



    Era hora do almoço e teve que ir embora mas tu não faltes.
    Em cada manifestação tens uma senha, na petição também, quando tiveres cinco mil senhas tens direito a uma assinatura anual do "Avante".
    Se já tiveres podes dar como útil prenda de Natal.
    Em 2013 contamos fazer cinquenta manifestações e duas Grandes Greves Gerais.
    Contamos também contigo.

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  6. A velha lenga lenga de que andamos a viver acima das nossas possiblidades. Nem uma palavra sobre o BPN que dava para pagar os subsídios a toda a gente.

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  7. O patrão da mulher mandou o aníbal fechar o blog agora dá nisto. Caga em todo o lado.

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  8. O que está a dar é defender a todo o custo os ladrões que estão a governar, misturando alhos com bogalhos, para ver se se conseguem aguentar até às próximas eleições autárquicas...
    Está na hora de pôr a (5ª. Rep) propaganda e os propagandistas a trabalhar melhor... É a evolução na continuidade!!!!!

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  9. Lá aparece o gajo a falar no Aníbal.
    Amigo não está cansado ?
    Não sei quem é o Aníbal mas para si deve ser muito importante que não o larga. não o esquece e espera que ele reaja ás suas diatribes mas sem êxito...

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