É uma das três regiões mais desenvolvidas do país, mas isso não se vê na criação de riqueza. Viana é a 2.ª capital de distrito mais pobre
O paradoxo do Minho
19/11/2011 | 00:00 | Dinheiro VivoO paradoxo do Alto Minho tem uma expressão estatística. O brilhante terceiro lugar que ocupa, num total de 30 subregiões, no Índice Global de Desenvolvimento Regional indicia uma qualidade de vida que não se reflecte na criação de riqueza. O PIB per capita dos 250 mil habitantes desta região é de apenas 67,9% da média nacional e contrasta com o pobre rendimento - Viana do Castelo é a segunda capital de distrito com mais baixo poder de compra.
"Andamos a ver navios", resume Luís Ceia, presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo. "As exportações da nossa região duplicaram entre 2000 e 2008, mas têm pouco valor acrescentado, já que incorporam pouca matéria-prima e investigação locais".
O fabrico de componentes para a indústria automóvel (potenciado pela proximidade da Citröen de Vigo) e o cluster eólico são as locomotivas deste crescimento das exportações, mas não contratam muito pessoal técnico qualificado. "Somos o único distrito que não tem um centro de investigação. Temos apenas 9,6 licenciados por mil habitantes nas áreas tecnológico-científicas, enquanto na região vizinha do Ave esse número sobe para 26,1", lamenta Luís Ceia.
Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, adopta uma atitude à Marquês do Pombal - "Há duas atitudes possíveis: chorar ou vender lenços. Eu prefiro a segunda" - e culpa o individualismo minhoto pelo paradoxo.
"Somos das terras das leiras pequenas com muros altos. O Minho é lindíssimo, mas não cuidamos da nossa economia. Já não basta os presidentes de Câmara olharem apenas para o seu concelho. O desenvolvimento já não se faz iluminando a avenida principal ou com melhoramentos na Biblioteca. Falta-nos atitude de região", afirma. As 60 marcas de vinho Alvarinho são a prova desse individualismo.
A ideias das exportações como mola impulsionadora da economia, tem muito que se lhe diga. Na maior parte das vezes, é show-off dos políticos. Veja-se o caso da Auto-Europa. Pode ser a maior empresa exportadora do país, mas o único recurso português exportado é a mão-de-obra! As matérias primas são todas importadas, visto o país não ser capaz de produzir uma parte, nem garantir um protetorado que faça com que a outra parte que o país possa produzir, seja realmente portuguesa.
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